Dos arquétipos de Haro



Rodrigo de Haro é um criado obediente do trabalho. É assim que o multiartista catarinense, filho do pintor Martinho de Haro, se autodenomina. “O trabalho contínuo é quem me guia. A mão e as batidas do coração é que sabem”. Quatro anos após sua última exposição individual em Florianópolis, Rodrigo de Haro abre na sexta-feira, dia 7 de outubro, a mostra Dos Arquétipos – O Poder das Imagens na Galeria de Arte Helena Fretta, em Florianópolis. A exposição é resultado de 18 meses de trabalho do artista e reúne 39 obras, todas inéditas. O projeto, idealizado pela galerista Helena Fretta e aprovado pela Lei Municipal de Incentivo à Cultura, conta com o patrocínio da Flex Gestão de Relacionamentos e prevê, ainda, lançamento de catálogo e quatro palestras com o artista e com o curador da mostra, Fabrício Peixoto.

Entre as pinturas selecionadas para a individual estão obras que representam os vinte e dois Arcanos Maiores do Tarô, os doze signos do zodíaco e suas correspondências nas flores, Santa Catarina de Alexandria e São João Damasceno, além de três videntes. A presença das figuras do tarot, do baralho, da transcendência são uma constante no trabalho de Rodrigo de Haro. “As cartas aparecem esvoaçando sobre naturezas mortas e sobre figuras, as habituais criaturas embuçadas ou não, mas sempre enigmáticas manipulando baralhos. Sempre a interrogá-los”, descreve.

Aos 76 anos, sendo mais de seis décadas dedicadas à arte, Rodrigo de Haro demonstra que não tem a paranoia do “novo” nem de ser original. “Nada é novo debaixo do sol”, lembra o artista, reproduzindo Eclesiastes. “O importante é apresentar sua verdade. Cioran (Emil Cioran, escritor e filósofo romeno radicado na França) afirma com razão que a busca desesperada de originalidade é, com certeza, a prova de um espírito de segunda classe. Neste ponto, sou bastante hierárquico”, afirma.

Para Fabrício Peixoto, curador da mostra, essas obras são caminhos para a nossa imaginação. “Se enxergamos nelas figuras exemplares do universo oculto é porque essas imagens primordiais existem em nosso inconsciente. A essas forças que agem na psique humana Carl Jung chamou de arquétipos”.

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